sábado, 19 de dezembro de 2009

Simon Pitel: o belga que participou da construção de Brasília


A história do belga Simon Pitel em Brasília parece filme de ação, tem até ingredientes de espionagem. Segundo o próprio, o pai o mandou para o desterro no Brasil porque ele estava saindo da linha, era o ano de 1958. Aos 21 anos pegava gosto pelo jogo. O irmão mais velho, Benjamin, já estava em terras tropicais, no Rio de Janeiro, trabalhando com um tio. Família judia, um ajudava o outro e todos atuavam no comércio, vendendo roupas.

No primeiro fim-de-semana de folga com o irmão, Simon saiu para beber Cubas Libres. Descobriu que o salário que recebia do tio por um mês de trabalho equivalia ao consumo de 5 Cubas, ou seja: um mil Cruzeiros.

“Eu não atravessei o oceano para receber um salário de 5 Cubas Libres”, disse a Benjamin e imediatamente decidiu que voltaria para a Bélgica, o pai gostando ou não.

Foi aí que conheceu um romeno que falava francês, vendia de tudo um pouco, e o convenceu a ir para Brasília. Uma cidade desconhecida e em construção. Simon veio de avião e com a ajuda de um professor de línguas do Colégio La Salle conseguiu se fazer entender e ficou hospedado no Hotel D. Pedro II, na então Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante.

Em duas semanas vendeu tudo o que trouxe, com a ajuda de mímica e etiquetas com preços. Faturou 25 mil Cruzeiros. Voltou ao Rio para buscar mais mercadorias com o romeno. Em pouco tempo teria uma loja no número 945 da Avenida Central do Núcleo Bandeirante. Depois comprou um armazém, inaugurou a Loja Central e mais tarde o Lido Magazine.

A loja vendia a moda de sucesso da época: blusas femininas de banlon, semelhante hoje ao twin-set, saias plissadas e as indefectíveis camisas volta ao mundo- sintéticas.

Após a inauguração de Brasília, Simon inaugurou outra loja de roupas na quadra 510 da W3 Sul. Época em que casou, tem dois filhos e netos. No entanto, logo após o fim do governo de Juscelino Kubitschek, surgiria um período de trevas.

“Jânio Quadros ameaçava levar a capital de volta para o Rio de Janeiro, não investia em nada, não construía nada e os negócios pararam”.

Em pré-falência, Simon colocou a mercadoria dentro do carro e voltou a trabalhar como mascate, até que ganhou algumas concorrências e a vida aos poucos voltou ao normal.

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